quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Exéquias


Decidi que quero ser cremado, meu desejo era o de ser enterrado em Belém, mas devido às condições sanitárias dos cemitérios e da falta de pessoal pra ocupar as quatro alças do caixão, preferi a cremação. Essa opção me livra de mais um inconveniente, o velório, posto que outorgarei a um advogado de minha confiança, a incumbência do despacho de meus despojos, de maneira rápida, tranqüila e discreta, a final, a contemplação de um cadáver não é um prazer que eu quero impor a ninguém. Quanto às cinzas, desejo que sejam enterradas no já desativado cemitério da Soledade, devo frisar que quero ser enterrado e não derramado ou espalhado ao vento, não pretendo correr os riscos de ser varrido pelos garis da prefeitura e acabar parando em uma lixeira.
Sempre amei essa cidade, nasci em Belém, e ainda que eu me afaste, pretendo voltar a ela, mesmo no esquecimento. Aos que me conhecem ou irão me conhecer através de minhas obras, não se importem em render homenagens ao meu corpo morto, e sim às minhas idéias, estou bem agora e estarei bem depois, meu nascimento não foi meu inicio e minha morte não será meu final, muito pelo contrario, será um recomeço.

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