No final do milênio passado, decidi parar de comer carne, mas estou fazendo isso de forma gradativa, meus critérios de abandono são científicos. Como eu não comia mesmo nada da minha espécie e nem da mesma ordem, comecei, parando de comer a galera da classe dos mamíferos. Salvem os porcos e os boizinhos! Mas a onça, dessa eu sinto falta.
A onça tem um metabolismo muito simples devido a um aparelho digestivo reduzido e rudimentar. Sendo assim, os sentimentos, emoções e o cheiro dos animais que ela recentemente devorou, ficam empregados na sua carne.
Por exemplo, se você comer carne de onça que recentemente devorou um veado, você absorve, mesmo que momentâneo, a astúcia, prontidão, rapidez, mas não me pergunte das afetações, estou falando de conhecimentos empíricos agora!
Mas acho que as onças da minha vida, só se alimentavam de carne de Anta, deve ter sido assim que adquiri alguns maus hábitos, mas isso não vem ao caso. O principal é que a onça é muito voraz. Quem a devora, devora seu devorar e pode tornar-se hospedeiro de uma fome insaciável. Diga-se algo também sobre sua sede. Há perigos ocultos na velha expressão “á hora da onça beber água?”, pode ser água que passarinho não bebe. E eu preciso muito de equilíbrio, a final, não sei quantos e quais são os sentimentos que me regem.
Hoje estamos em um novo milênio e já passamos da metade da primeira década dele, eu acho que finalmente estão se extinguindo do meu corpo, os vestígios residuais das mal fadadas onças. Estou serenando a mente e agora posso olhar pra frente, sem deixar de olhar pros lados, e de vez em quando olhar pra trás pra ver o que passou e o que ficou de bom. Mas uma coisa eu garanto, Nada de onça na minha dieta!
Nenhum comentário:
Postar um comentário